Sei
que não tenho sido assíduo aqui no blog, parte dessa ingerência se deve ao fato
de ter havido algumas mudanças em minha rotina – e foram para melhor.
Acredito
que já contei nesses mais de 60 posts que sempre tive uma veia empreendedora,
certo é que não tenho certeza se já foi relatado. Portanto como estou com
preguiça para procurar e não para escrever, vou descrever algumas experiências que
já tive e se sobrar disposição irei falar da loja que irei inaugurar em outubro
do corrente ano.
Tenra idade
Comecei
minha vida profissional empreendendo aos 6 anos de idade no bairro fazenda em
que cresci. Naquela época não existia água encanada, tampouco energia elétrica e
o bairro estava iniciando a passos de tartaruga. Porém os bairros vizinhos que
foram planejados já possuíam todos os recursos que faltavam ao nosso e sempre contávamos
com a benevolência dos nossos amigos limítrofes quando precisávamos conservar
um alimento no congelador ou mesmo tomar um banho de chuveiro vez ou outra. A
amizade nos anos 90 eram bem melhor e como a violência era baixa a relação com
vizinhos era praticamente familiar. Vários laços se formaram naquela época.
Voltando
ao assunto, o nosso bairro tinha muitos trabalhadores da área da construção
civil, que labutavam incessantemente de baixo de um sol escaldante e sem opção
de se refrescar. Assim, sempre que íamos na casa dos vizinhos do bairro ao lado
eu gostava de tomar um chup-chup (para outros geladinho). Sendo assim pedi
minha mãe para que fizesse alguns para eu vender, já que era comum na época eu
ver crianças fazendo isso na rua. Foi então que ela com a falta de recursos que
tinha comprou o saquinho de suco em pó fez o líquido e pediu para eu ir ao
bairro vizinho com uma caixa de isopor buscar uma forma de gelo. Então ela
quebrou o gelo e colocou algumas pedras dentro do saquinho. Aquilo era o melhor
que podia oferecer naquele momento.
Sai
com minha caixinha, mesmo sem saber dar troco e vendi todos eles. Fiquei muito
feliz naquele dia e minha mãe disse que ninguém tinha me dado o tombo no
dinheiro.
Posteriormente
já mais maduro comecei a trabalhar com meu pai em um serviço que não gostava
nenhum pouco, já que exigia força física.
Vamos ao início deste causo.
Meu
pai sempre foi peão de empresa da área da metalurgia e assim com todas as
variações econômicas ficava na mão do Governo em suas desastrosas decisões.
Certa vez uma crise em 1996 ou 1997 não me lembro, bem bateu a nossa porta e
deixou meu pai (a única fonte de renda) desempregado. Concomitantemente minha
mãe tinha ficado grávida e as duas noticias deixaram a casa em um clima pesadíssimo.
Meu
velho como veio do interior sempre correu atrás das coisas e nesse período a
prefeitura da nossa capital tinha distribuído algumas senhas para cadastrar
camelôs. Meu pai ficou sabendo e dormiu longos tempos nas infindáveis filas para
conseguir uma vaga. Com a força de Deus ele arrumou.
Agora
era o problema, ele tinha a vaga, mas não tinha mercadoria nem dinheiro para
comprar. Já que estávamos vivendo da ajuda da minha avó, que generosamente além
de um cesta básica nos dava tudo que podia.
Assim
um “espertão santo”(já já saberão o
porquê) ofereceu meu pai em comprar o ponto da barraca, já que não se sujeitava
a dormir em filas para conseguir a vaga. Meu pai na situação em que estava teve
que aceitar imediatamente. O acordo era o parcelamento da vaga em algumas vezes
com a primeira parcela vencendo a partir do trigésimo dia do pacto.
No
dia acordado meu pai foi ao encontro do “esperto” e este informou que não tinha
dinheiro algum e se meu pai quisesse receber seria através de mercadorias. Mas
meu pai que antes tinha vaga e não tinha mercadorias se via diante da falta de vaga
e abundância de mercadoria, que coisa não?
Impotente
diante da situação aceitou sem ter opções à forma de pagamento. E com a cara e
coragem foi vender na rua os produtos para recuperar o prejuízo. Para o seu
espanto ele vendeu tudo rápido e com grande aceitação.
Dessa
forma ele procurou o agora “santo” e pediu que adiantasse os pagamentos em
mercadorias, e assim foi feito. Cada vez ele vendia mais e mais e os pedidos só
aumentavam, até que precisou obter outros fornecedores.
Para
vocês terem uma ideia comparativa amigos, no início dessa fase meu pai quando
foi mandado embora recebia um salário mínimo, nos dias atuais algo em torno
de R$950,00 para sustentar 3 pessoas e uma bebê a caminho.
Depois
de 6 meses no ramo da venda imposto pelo “santo” meu pai ganhava em média
R$10.000,00 por mês (números apenas exemplificativos). Imagina só literalmente
do lixo ao luxo.
O
ruim que no começo como não tínhamos carro eu andava quilômetros a pé com meu
pai carregando sacolas pesadas visitando clientes. Depois ele alugou uma
carroça, mas eu tinha vergonha, pois os garotas me zoavam muito. Até que ele
comprou um Passat e passei a gostar de ir com ele. Kkkk.
Adolescência
Depois
de uns 4 anos dessa fase boa meu pai resolveu construir apartamentos para
alugar e como eu estava com 15 anos me colocou na obra. Eu odiava ser servente
de pedreiro, assim fiz inscrição e fui ser menor aprendiz ganhando um salário
mínimo com 15 anos (era rico).
O
contrato acabou com fiz 18 anos e montei minha primeira loja. Foi uma lan
house, com o dinheiro que economizei trabalhando.
Era
a primeira do bairro, na época só tinha internet discada e jogos em rede eram
CS e NFS. Aluguel uma das principais lojas da avenida (um salário mínimo)
contratei um funcionário (um salário mínimo) e comprei 7 máquinas top
financiadas, mas dei entrada. No final do primeiro mês depois da inauguração
contabilizei cerca de 11 a 12 salários mínimos. Paguei todo mundo o que devia e
comprei mais 2 máquinas à vista.
Depois
disso tirava cerca de 5 salários para mim e queimava o resto.
Quando
entrei para faculdade por minha conta e risco vendi a loja.
Nessa
época meus pais já tinham a loja deles, roupas, armarinho, papelaria, tinha de
tudo.
Depois
também fecharam para descansar.
Quando
estava na faculdade passei no concurso e assumi o cargo. Depois que me formei
ajudei meus pais a abrirem outra loja, só que agora na área de alimentação. Deu
muito certo eles trabalharam uns 3 anos nela e venderam dando lucro, só que
cansaram novamente. Comércio alimentício é foda. Para se ter uma ideia eles
venderam a loja dando para cada um líquido mais o que eu recebo por mês tendo
curso superior e concursado.
Plano
atual
Já
falei que a onça que eu arrumei é empresária e seu ramo pelo pouco tempo que
pude observar é um dos melhores que existem. Ela tem uma clínica voltada à
estética de mulheres (não é salão de beleza). Como conversamos muito sobre
empreendedorismo ela me disse que irá ministrar alguns cursos na área (na época
de curso ela chega a ganhar uns R$7.000,00 por dia, já que cada aluna paga
R$800,00 e ela tira R$100,00 com material e só fecha turma com 10, à duração do
curso são 8 horas) e tem dificuldade em conseguir os produtos e materiais para
suas alunas iniciarem suas atividades.
Dai
eu entrei na hora, como ela é conhecedora chegamos à conclusão de fazer uma
sociedade e abrir uma loja na cidade especializada no nicho que ela irá
lecionar.
Fui
fazer a pesquisa de campo e cheguei à conclusão que tem apenas um fornecedor na
capital e este possui duas lojas. Portanto eu serei o único concorrente. Estou
chegando ao mercado no começo, pegando o pão quentinho.
Assim
já aluguel uma loja em uma movimentada avenida, comprei a maioria do estoque. A
média de margem de lucro dos produtos são 400%. Já marquei com o contador e
farei um curso no SEBRAE semana que vem para poder sanar algumas duvidas e bola
para frente. Essa semana também viajarei para São Paulo para comprar algumas
coisas que estão faltando.
Tem
a preparação da loja que iniciará no dia 15 de setembro e todos os móveis que
serão instalados (tudo planejado) e o melhor o curso será dado no mesmo espaço,
ou seja, as alunas saíram com a teoria e poderão ter o acesso aos produtos no
mesmo local.
Pois
é pessoal o texto ficou extenso, mas tudo bem já que faz algum tempo que não
escrevo. Aos poucos vou divulgando algo para os que se interessarem.
Obs:
Todos os custos da loja foram divididos e minha parte vem de uma conta que
possuo para gastos extraordinários, ou seja, não afetará em nada minha
carteira. O dinheiro que tenho nessa conta para se ter ideia me deixaria no
patamar de 100k, porém por precaução sempre o deixei lá e agora vi que serviu
para algo. E se não der certo eu e a onça temos nossos meios de renda normal,
nada nos afetará, pois não dependemos da loja para subsistência. Inclusive devo permanecer com os aportes na média esperada para o ano de 2017.
Fiquem
com Deus!