Não
quero ir! Quero estudar, animei! Foi assim que falei para meu pai com a
motivação de um estudante exemplar que nunca tirou uma nota abaixo de 9 em uma
prova de física avançada.
O ano
era 2002, lá estava eu nos auge dos meus 53 quilos bem distribuídos na milimétrica
proporção da famosa bandeira de pirata – isso mesmo – só pano e osso.
O
cabelo era grande e atrapalhado, na orelha 3 brincos do lado esquerdo 1 do lado
direito acompanhado de um piercing na língua (isso mesmo infelizmente).
A
camisa tinha como estampa a face do Mano Brown, as calças 4 números maiores e caídas
deixando aparecer uma suja cueca. O tênis do tamanho de um pão francês gigante,
cheio de cola quente derretida.
O
esporte que não saia da cabeça era o Skate. Vivia ele, respirava, sonhava,
colecionava revistas e fitas cassete com manobras gringas e a porta do quarto
era cheia de adesivos.
Acordava
pela manhã tinha a obrigação de ir à escola, fingir que estudava, falar sobre
skate e tentar beijar alguma gatinha do colégio.
Voltando
ao primeiro parágrafo, depois dessa breve introdução irei explicar as palavras
que saíram da minha boca e o que motivaram.
Meu
pai, grande pai. Trabalhava igual um louco e observou que eu estava crescendo
meio frouxo, na verdade eu o ajudava, porém ele me remunerava para estimular,
no entanto, realmente hoje admito que o que eu trabalhava era pouco, ou quase
nada.
Dessa
forma ele conseguiu comprar um lote e iniciou a construção de duas moradias de
aluguel. E me vendo no ócio, acabei sendo convocado para participar da obra, desde a
fundação.
Foi no segundo dia que as palavras acima saíram da minha boca, e realmente procurei um
jeito de não trabalhar naquele local. Eu tinha carregado tijolos, pedras,
areia, furado buraco e tudo isso em dois dias. Detalhe que a obra não tinha evoluído
nem 0,00001% para o meu desespero.
Foi
então que no mesmo dia à noite fui a casa de um amigo que trabalhava em uma
empresa que contratava menores aprendizes e dava o treinamente. Sem titubear
falei que não poderia ir para a obra no terceiro dia, pois iria me inscrever no
programa juvenil.
O
serviço como menor era bem melhor, basicamente escritório e eu era fera em informática,
já tinha feito curso básico de Windows e Pacote Office o que era luxo naquela época.
Para
minha sorte no dia que fiz inscrição fui super bem na entrevista, acredito que
pela facilidade em me expressar e vontade de não fazer trabalhos braçais. No
dia seguinte fui chamado para fazer um treinamento de 2 meses em meio horário,
depois da escola.
Após concluir
esse treino fui encaminhado a uma empresa para fazer entrevista e também deixei
2 concorrentes para traz no auges dos meus 15 anos e 11 meses. Assim que
completei 16 anos assinaram minha carteira e trabalhei em uma multinacional até
completar 18 anos, pois o desligamento era obrigatório para maiores de idade.
Depois
disso fui efetivado, mas é assunto para outra história.
O fato
é que me peguei pensando nisso hoje ao chegar do trabalho. Como sou feliz na
vida que levo e as vezes me pego reclamando. Meu pai foi fundamental para minha
formação sem ter muito conhecimento, até por que sei que ele mandou eu pegar no
pesado não para eu escolher algo melhor e sim porque eu estava atoa mesmo. Ele
veio da roça então tem dois lemas ou trabalha ou trabalha.
Até
quando pedi desligamento da multinacional, quando era funcionário de chão de
fábrica, para ser contratado como técnico ele ficou triste, pois fui para
escritório, veja bem kkkkk.
É isso
ai pessoal, lembrei também da minha adolescência dos meus CD’s de RAP, RZO,
SABOTAGEM, GOG, FACES DA MORTE, FACÇÃO CENTRAL, etc. Como nossa mente muda, por
isso não podemos julgar demais os mais jovens. Temos sim que ser vigilante, mas
tolerantes também.
Fiquem
na Paz de Deus.
Não sou gênio mas sempre fui considerado bom aluno, gosto de ir para a escola, estudar, um escape para uma realidade tão ruim e sofrível. Nunca fui um jovem rebelde e nem quis transparecer, pois, eu já sou pobre, feio, ser rebelde sem causa seria a morte da minha reputação.
ResponderExcluirMeu pai é (ou era, não tem como saber) pedreiro e nos abandonou há muito tempo. Com sua ausência também veio a falta de exemplos, apoios, incentivos. Sinceramente, não importa se peão ganha dinheiro - meu pai conseguiu se autodestruir com a "nova família" e não sinto pena dele nem orgulho - eu simplesmente não quero ser. Não há lei que me obrigue.
Acredito piamente na educação para melhorar de vida. Imagina, eu, me rendendo ao sol escaldante, as humilhações e as piadas de outrem terminando os meus dias com trabalho braçal. Vou dar tudo de mim, mas é para tentar ser médico, diplomata e empresário. Pelo que estudei e vi dá para ser os três a longo prazo. Não é sonho ou loucura, tenho potencial.
Não pretendo mais ter nenhum blog, apenas comentar aleatoriamente, como já fazia antes.
Fui muito criticado por não ser investidor, e também tentar inaugurar uma nova vertente da blogosfera - quem nem fosse dos ricões sabe-tudo, e nem da tóxica "Real".
Legal sua meta, já esta bem alinhada. Gosto de ter metas altas também, pois caso não alcance só o fato de chegar perto já é um grande ganho muito maior do que não ter um norte.
ExcluirPois é,
ExcluirEu estou aprendendo que não devo fraquejar na primeira dificuldade.
É enumerar soluções, e não problemas.
Aqui no comércio no interiorzão de SP ocorre o famoso “Pai rico, filho nobre, neto pobre” híbrido com síndrome de Peter Pan.
ResponderExcluirPéssimo atendimento , falta de vontade, falta de manutenções, processos trabalhistas regularmente, arrogância, ostentação, festas.
Incluso minha família acabaram com impérios e fortunas e estão querendo voltar para casa dos pais com 2° ou 3° esposa com seus Enzos e Dudas a tiracolo.
A situação é tão bizarra que estão parasitando os filhos mais velhos que limpam chão das empresas até acabar a grana e eles serem abandonados.
Isso ocorreu comigo e para mim foi transformador porque passei nessa época muitas dores existenciais, sofrendo bullying familiar ,extorsão e chantagens emocionais nessa família desestruturada para não falar outras coisas.
A partir do zero construí minha própria família, aprendi sobre a finansfera, a real moderadamente e estou conseguindo me erguer aos poucos por milagre.
Interior tem isso demais, eu já morei em duas cidades e sempre observei esse ciclo. O problema é que o pessoal mesmo ficando quebrado ainda tira muita onda e a maioria das mulheres valorizam, pois a família ainda tem um nome bastante conhecido.
ExcluirIsso começa com a interpretação errada da filosofia de "conceder confortos ao meu filho que eu nunca tive".
ExcluirAcho que isso não significa mimar ou passar a mão na cabeça - significa investir na formação física, psicológica, moral e financeira do adolescente para que ele venha a se tornar um adulto responsável. E também instruir o mesmo a fazer com seus netos, e assim por diante.
Os confortos que eu quero dar a meus fututos filhos que eu não tenho é um ambiente doméstico voltado para a educação, ensinar linguas estrangeiras e finanças desde criança, incentivá-los a uma boa alimentação e prática de esportes, tocar algum instrumento musical.
Se nessa época eu ainda estiver morando no Brasil, eles irão estudar a primeira infância em colégio católico, e o resto da educação básica em escolas militares. E terão que estudar para passar nas universidades públicas. Nada de papai bancar curso superior.
Jamais daria carro aos 18 anos, permissão para ir á balada, etc. Isso não leva ninguém para frente.
Desde cedo eles irão aprender a lutar pelo que é deles. E de mim terão todo o apoio e incentivo.
hahaha excelente historia.
ResponderExcluirMe fez lembrar da minha também. Adolescente, estagiário de RH. Fui pra lá pq meu pai queria que eu aprendesse como era trabalhar no "pior" lugar da empresa, o mais complicado etc. Foi uma experiência excelente. Dispensaram dois funcionários para me contratar, visto que eu fazia o serviço dos dois... Na época eu fiquei bem chateado por causa dos colegas, mas depois vi que realmente, eles que não trabalhavam direito... Enfim... grandes experiencias que nos tornam melhores.
Parabéns pelo post.
Ps.: Caraca... me peguei lembrando dos hits que eu ouvia também e minha mãe sempre me falava que era pra eu parar de ouvir pq era música de cadeia. Hoje sou policial e ainda gosto de muitos raps. haha Sabotagem, Face da Morte, Expressão Ativa... porra. Top demais.
Boa Papa Fox, sua carreira é top demais. Tenho admiração por policiais e sei que todos passam um aperto danado dentro de suas peculiaridades.
ExcluirPorém dentre as polícias que mais me agradam estão a PC e a PF, ou seja, as judiciárias.
Um salve para todos.
Obrigado pelo reconhecimento Lawyer. De fato nos últimos anos a PF tem tomado os noticiários e ganhado uma notoriedade bem grande. Espero que isso continue, não pela fama, mas para trazer mais investimentos para o órgão. Principalmente no sentido de continuarmos atuando contra os desvios de recursos públicos.
ExcluirGrande abraço irmão. Boa sorte nos investimentos
Bacana
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