sábado, 25 de março de 2017

Estereótipo e julgamento social



Todos sabem que nossa imagem normalmente reflete a nossa personalidade. Uma das formas encontradas pelas pessoas para expressar um momento da vida, um estado emocional, conquistas, derrotas, etc., é a expressão corporal, seja ela na forma de vestimenta ou acessórios ou na modificação da própria figura, a exemplo das tatuagens e piercing.


Desde novo sempre gostei do alternativo e como as pessoas se portavam diante de uma situação que saia do cotidiano. Com a entrada na adolescência se potencializou ainda mais, já que a grande maioria quer se rebelar sem ter um motivo específico e com isso ser enxergado de alguma forma pela sociedade.


Claro que hoje depois de toda experiência angariada ao longo de três décadas sou muito mais controlado e distinto no que se refere a minha imagem e comportamento social. A minha graduação fala por si nesse quesito. O curso de Direito é necessariamente formal e com o tempo até que não tinha o hábito de se vestir de forma social se habituava com a nova rotina. Diversos são os trabalhos apresentados diante da turma que o traje é o oficial usado em audiência (terno e gravata). Faz parte da vida também do estagiário que se vê compelido a carregar inúmeros processos com seus infindáveis apensos em um sol escaldante em pleno verão de um país tropical.


Desde novo eu gostei do lado alternativo das coisas, comecei a andar de skate e com isso absorvi sua cultura, hábitos e por que não cacoetes dos praticantes. Somado a isso ouvia e ainda ouço RAP, dessa forma adquiri uma identidade singular que era percebida pelo pessoal da minha tribo.


Comecei a praticar o esporte aos 13 anos e era bom no que fazia, iniciei correndo alguns campeonatos e vivia em função disso. Lembro-me de ter que trabalhar com meu pai durante a semana e nos finais vendendo verduras de porta a porta para custear os meus gastos com o hobby. Nunca ganhei nada de graça a não ser em uma única data comemorativa do ano, o natal.


Aos 14 anos eu já tinha brinco na orelha e uns dois “piercing”, cabelo grande enrolado, vejo as fotos da época e começo a dar risadas, não de divertimento e sim de vergonha. O tempo me fez bem, é o que todos falam. Somado a isso tinha as calças largas, tênis que pareciam um pão sovado no pé e blusas tamanho GG para um adolescente de 55 kg.


Nessa época fiz minha primeira tatoo escondida dos pais. Eu e um amigo criamos a máquina a partir de motor de carrinho elétrico, com haste de guarda chuvas e tinta de caneta. Foi na perna, passado um mês fiz nas costas e ele também. Imagina a cara de candeeiro que ficamos. Ainda bem que está tudo arrumado hoje.


Falando ainda de tatoos, claro que eu concertei essas acima que ficaram horríveis. A das costas consegui tampar e não apareceu nada da antiga e da perna foi totalmente refeita. Eu ainda gosto do estilo e esse é o assunto do tema de hoje.


Atualmente eu tenho um braço totalmente fechado metade com tema religioso, sou católico e a outra metade desenhos indígenas milenares. Tenho no peito, perna, costas, na verdade não parei para contar, mas nenhuma delas fica exposta se eu não quiser, ou seja, com trajes formais sou uma pessoa sem marcas na pele. Tenho boa aparência e meus rabiscos foram feitos por profissional reconhecido. Não pareço um maluco, acho que combina muito comigo e a mensagem que quero passar, não me vejo com a pele nua.




Infelizmente já fui julgado por eles, inclusive por pessoas que não sabiam, porém eu seria o colaborador responsável delas. Até hoje não esquece na quase uma década na repartição eu chegando para me apresentar no meu novo local de trabalho momento em que recebi uma olhada de cima a baixo de um senhor que ficava na recepção e com certo desdém mandou que eu esperasse que já me atenderia. Não deixou nem sequer eu me identificar, fiquei puto na hora, pois pode ser pelas blusas de manga curta que eu estava usando deixando aparecer às tatuagens. Na hora abri a porta e perguntei onde era a sala do novo supervisor do local. Ele com cara de surpreso entendeu tudo e me encaminhou para o lugar onde passei dois anos.


Uma das pessoas mais ricas, CLT, que conheço é cliente do meu amigo tatuador e tem o corpo quase fechado, ele é representante de uma empresa conhecida mundialmente e ganha rios de dinheiro, todos você sem exceção já usaram o sistema operacional criado pela empresa dele, e a grande maioria ainda usa, começa com W e termina com indows. E pelo que ele comenta o pessoal de fora não tem a mesma visão daqui em relação ao tema.



Não julgueis para não ser julgado.·.




8 comentários:

  1. Eu curto tatuagens, mas acho que não ficaria bom em mim.
    O brasileiro é muito preconceituoso, e adora viver de aparências. Se você é negro, gordo, tatuado, usa pircing a maioria te olha feio. A não ser que você seja um cara bonitão. Ou seja, você precisa tipo compensar uma coisa (tatuagem) com outra (ser sarado). Consegue entender?
    Meio complicado. Abraços meu amigo.

    ResponderExcluir
  2. Claramente é isso mesmo, ou ainda ter poder aquisitivo. A pessoa fica em segundo plano na avaliação social.

    ResponderExcluir
  3. Não vou julgar, mas nunca tive boas condições então nunca me interessei em fazer tatuagem para não atrapalhar no mercado de trabalho, hoje sendo uma pessoa comum e com mais de 30, nem penso mais em ter rs

    ResponderExcluir
  4. Em minha profissão ter tatuagem trás muito preconceito.
    pretendo fazer uma mesmo assim, desde que não seja visivel quando esteja trabalhando.

    te adicionei no meu blogroll, irei te acompanhar.


    abraços

    ResponderExcluir
  5. tenho tatuagens tambem gosto muito,acho até engraçado quando me julgam... hahaha da pra perceber no olhar da pessoa,mas é até legal quando voce vê a cara que ela faz quando descobre que voce possui conhecimento suficiente para falar sobre qualquer assunto e nao é mais um "noia" como ela pensou que fosse

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Isso realmente faz toda a diferença, na verdade as pessoas avaliam alguém sem um contexto ou conhecimento prévio.

      Mas realmente o susto do pessoal é enorme, eu que o diga.

      Excluir